Apesar dos problemas de saúde enfrentados nos últimos tempos, o teólogo e monge beneditino dom Estevão Bettencourt não deixava de marcar presença na missa e nos ofícios divinos, dando exemplo para seus colegas do Mosteiro de São Bento. Era conhecido por, com sua devoção, inflamar a todos com suas palavras de amor a Jesus Cristo.
Nascido no Rio a 16 de setembro de 1919, com o nome de Flávio Tavares Bettencourt, foi para Paris com os pais aos 4 anos de idade. Lá, permaneceu até 1928, quando voltou ao Brasil. Os estudos, iniciados na França, no Lyceé Buffon, prosseguiram no Colégio de São Bento, no Rio, onde, de 1931 a 1935, fez o curso ginasial. Foi através do convívio diário com os monges que conheceu a vida monástica. Em 1 de fevereiro de 1936, ingressou no Mosteiro de São Bento.
Dom Estevão foi por muitos anos professor da Faculdade de São Bento, onde lecionou as mais variadas disciplinas. No campo acadêmico, desenvolveu inúmeros trabalhos na Universidade Santa Úrsula, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio e no Seminário São José, da Arquidiocese do Rio. Era diretor emérito da Escola Mater Ecclesiae; vice-reitor da Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo II, da Arquidiocese do Rio; vice-presidente da Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos; e vice-presidente da Liga de Estudos Bíblicos. Também foi o responsável pela criação do Curso Bíblico por correspondência, de alcance nacional e internacional, e foi censor de livros da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Além da pregação, dom Estevão também se caracterizou pela grande quantidade de publicações no currículo. As características principais de seus textos eram a fidelidade plena ao Evangelho tal como é professado pela Igreja e seu modo de fazer teologia sempre a partir de sua vivência espiritual.Em 1957, fundou a revista "Pergunte e Responderemos". Procurou comunicar sempre aos seus leitores o amor à Igreja, assim como a defesa e o amor pela vida. Era ainda colaborador da revista mensal "Família Cristã", de São Paulo.
Dom Estevão Bettencourt morreu na manhã da segunda-feira, às 6h, vítima de infarto, aos 89 anos. O seu sepultamento aconteceu na própria sengunda, no claustro do mosteiro, após a celebração das exéquias, na igreja abacial.
O Globo (15/04/2008)
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