Em 1953 já se haviam passado 101 anos desde que o Instituto Topográfico da Índia descobrira ser o Everest a mais alta montanha da Terra.
Catorze expedições tinham falhado e 24 homens jaziam mortos sob as neves da montanha, na vã tentativa de atingirem seu cume. Estava mais do que provado que a tarefa demandava uma estrutura bem maior do que tudo já feito anteriormente.
A tentativa suíça do ano anterior deu aos britânicos o tempo necessário para organizarem uma expedição mais bem preparada. O treinamento incluiu uma experiência no Cho Oyu – a sétima mais alta montanha do mundo, com 8.201 metros de altitude –, em 1952, liderada por Eric Shipton.
Mesmo tendo falhado na tentativa de chegar ao cume do Cho Oyu, a expedição obteve um grande avanço na utilização correta do oxigênio e das roupas.
Embora Eric Shipton já tivesse liderado diversas expedições e contasse com o apoio popular, alguns membros do Clube Alpino Londrino achavam não ser ele a pessoa mais indicada para comandar um empreendimento de tal magnitude, a 10ª Expedição Britânica ao Everest, sobre a qual recaíam tantas esperanças e muita pressão política. Afinal, essa poderia ser a grande oportunidade de alguém ser o primeiro a escalar a mais alta montanha do planeta.
Um acordo diplomático entre os envolvidos dividiu o poder, permitindo a Eric Shipton ficar mais concentrado na escalada, deixando o comando com John Hunt, um oficial do exército, que daria ao evento um padrão militar.
Estranhamente, a maioria dos membros do Clube Alpino nunca havia se encontrado com John Hunt e ele próprio já tinha sido preterido na expedição de 1935 por problemas de saúde.
Ficou decidido que a expedição utilizaria todos os recursos ao alcance para atingir seu objetivo, inclusive o uso de oxigênio, enquanto os alpinistas estivessem dormindo em altitudes mais elevadas.
Para o Império Britânico, chegar ao topo do mundo era uma questão de honra. Para cobrir o evento, o Times enviou o jornalista James Morris, como membro da expedição, juntamente com o cinegrafista Tom Stobart.
Munidos dos mais modernos equipamentos de alpinismo disponíveis na época, a primeira parte da expedição partiu de Katmandu, naquela primavera, em grande estilo.
Composta por 350 carregadores sherpas, causava espanto aos nativos aquela fileira de homens trilhando uma estrada para o Everest. E como a prata era a única forma de pagamento aceita pelos sherpas em 1953, uma grande quantidade de moedas foi cunhada especificamente para este fim.
A caravana passou por Nanche Bazar e, após um pequeno período de descanso em Tengpoche, chegou em Gorak Shep, ao pé do Kala Patar, onde foi montado o Acampamento-base. A seguir estabeleceram um novo acampamento na geleira Khumbu, a meio caminho da Cascata de Gelo. Ao todo, foram criados nove acampamentos de altitude.
Airton Ortiz - 360 Graus Multimídia
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