Conservadores e progressistas americanos estão unidos em um ponto: a ameaça do jihad global está crescendo. O Partido Republicano usa essa crença para lembrar os americanos de que vivemos em um mundo perigoso que precisa de líderes firmes. Para os democratas, o governo Bush falhou e precisa-se de uma nova equipe. A imprensa se junta ao refrão porque más notícias vendem. No meio do barulho, é difícil saber o que realmente está acontecendo. Nas duas décadas anteriores ao 11 de setembro o radicalismo islâmico floresceu enquanto a maioria dos governos o tratava como um incômodo menor. O 11 de setembro e as subseqüentes explosões em Bali, Casablanca, Riad, Madri e Londres forçaram os países a repensar sua atitude. A maioria dos governos se tornou muito mais ativa na perseguição a terroristas. O resultado é um inimigo mais fraco, embora mais descentralizado e amorfo.
Considerem-se os últimos meses. Em junho, na Indonésia, foram capturados o chefe e o líder militar do Jemaah Islamiah, grupo responsável pelas bombas em Bali em 2002. Em janeiro, soldados filipinos mataram Abu Sulaiman, líder do Abu Sayyaf. No Egito e na Arábia Saudita, bases originais da Al Qaeda, os terroristas ainda em liberdade estão incapacitados de ataques importantes. Os esforços dos ministros das finanças – especialmente do Departamento do Tesouro americano – tornaram a vida dos terroristas muito mais difícil. Organizações globais não prosperam sem movimentar dinheiro. Com os fundos localizados e congelados, os terroristas têm de se virar com operações pequenas e improvisadas.
No Iraque, a Al Qaeda se transformou num grupo sunita que passa a maior parte do tempo matando xiitas. Abu Mussab Al Zarqawi, líder da Al Qaeda no Iraque, numa carta de 2004 para Bin Laden, afirmava que “o perigo dos xiitas é maior que o dos americanos. A solução é atacar até que eles se submetam aos sunitas”. Se houve um debate entre ele e Bin Laden, Zarqawi venceu. A organização que esperava unir o islã contra o Ocidente foi arrastada a uma guerra suja interna.
Sunitas e xiitas formam apenas uma das divisões do mundo islâmico. Há persas e árabes, sul da Ásia e Oriente Médio e, mais importante, moderados e radicais. O choque entre Hamas e Fatah nos territórios palestinos é o sinal mais visível dessa última. Assim como a divisão do mundo comunista o deixou menos ameaçador, as variedades do islã enfraquecem-no. Os líderes ocidentais deveriam enfatizá-las.
O radicalismo islâmico é impopular. A maioria dos muçulmanos não quer uma teocracia. As pessoas no mundo muçulmano viajam para ver o luxo em Dubai, não as madrassas de Teerã. Metade dos países muçulmanos do mundo – cerca de 600 milhões de habitantes – tem eleições. Nos últimos cinco anos os partidos ligados ao radicalismo islâmico raramente ganharam mais que 7% ou 8% dos votos. As exceções são lugares sob guerra civil ou ocupação, como territórios palestinos e Líbano.
O perigo real é que as condições que alimentam a radicalização e a alienação de jovens muçulmanos não estão em declínio. Uma combinação tóxica de demografia, alienação e extremismo continua a seduzir um pequeno número de muçulmanos.
O Ocidente tem dificuldade em tratar das causas do jihad. Elas derivam do ritmo das mudanças no mundo moderno. A única solução é que os muçulmanos vejam a si mesmos como membros do mundo moderno, e não suas vítimas. Abrir e modernizar o mundo islâmico é uma tarefa longa, difícil e complexa. Uma das chaves é ser visto como parceiro e amigo, não como valentão ou inimigo. Essa é uma batalha que ainda não estamos vencendo.
FAREED ZAKARIA
Colunista e editor-chefe da edição internacional da revista Newsweek e escreve quinzenalmente em ÉPOCA
Um comentário:
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