sábado, 22 de março de 2008

Exposição "O Teatro de Debret" na Casa França-Brasil


J. B. Debret - Loja de carne de porco. (Foto Divulgação)

Quando entrou na embarcação Calpe, de bandeira americana, rumo ao Brasil, em 1816, o pintor Jean-Baptiste Debret já era um homem de 48 anos. Abalado com a morte do filho único, Honoré, deixava para trás a mulher Sophie, de quem se separara recentemente, e seu passado de serviços prestados a Napoleão Bonaparte, o responsável direto pela vinda da Família Real para o Rio. Aqui chegando, logo conseguiu se aproximar da corte e tornar-se, provavelmente pelo seu desapego ao passado, o grande cronista visual de um tempo em que a cidade sofria uma grande transformação com a presença de Dom João VI, que aportara na cidade oito anos antes. A exposição "Os Museus Castro Maya apresentam o teatro de Debret", que entra em cartaz na próxima terça-feira, dia 25, na Casa França-Brasil, e faz parte das comemorações dos 200 anos da chegada da corte portuguesa ao país, é a mais completa já realizada sobre o pintor e retrata justamente sua passagem pelo Brasil.


Imagens da exposição " O Teatro de Debret"
http://oglobo.globo.com/cultura/fotogaleria/2008/4867/default.asp

Se os raros documentos existentes sobre sua vida fazem dele um personagem enigmático, suas aquarelas e seus óleos são os grandes e quase únicos documentos fiéis das mudanças culturais, dos aspectos físicos da população e dos costumes desse agitado período em que a cidade viu sua população crescer de 50 mil habitantes, em 1808, para 110 mil em 1817. O Rio cresceu em direção a novos bairros que antes não passavam de lugarejos remotos como Catumbi, Mata Cavalos (a atual Lapa), Mata Porcos (Estácio), Catete, Flamengo e Botafogo.

A exposição sobre Debret apresenta 511 obras, sendo 306 aquarelas pertencentes aos Museus Castro Maya; 151 litografias do livro "Viagem pitoresca e histórica ao Brasil", do acervo da biblioteca de Guita e José Mindlin; cinco óleos dos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Museu Imperial de Petrópolis, da Itaú Cultural e de coleções particulares; desenhos do artista português Henrique Jose da Silva, diretor da Academia de Belas Artes e inimigo dos franceses, sobretudo de Debret, do Acervo Escola de Belas Artes da UFRJ; entre outras preciosidades.


Casa França-Brasil
Av. Visconde de Itaboraí 78, Centro, Rio de Janeiro
tel/fax: 2253-5366

Os Museus Castro Maya apresentam o Teatro de Debret

Abertura: 25 de março de 2008, às 18h

Visitação: 26 de março a 11 de maio de 2008

Terça a domingo, das 10h às 20h - Entrada franca

http://www.fcfb.rj.gov.br/


Os Museus Castro Maya (IPHAN/MinC), a Fundação Casa França-Brasil e Bradesco Seguros e Previdência apresentam a exposição Os Museus Castro Maya apresentam o Teatro de Debret, a maior já realizada sobre Jean-Baptiste Debret (1768-1848), pintor integrante da Missão Artística Francesa que viveu no Rio de 1816 a 1831. Com 511 obras – 346 aquarelas, 151 pranchas litográficas e cinco óleos de Debret, mais nove trabalhos relacionados com ele – a mostra revela o Rio, tanto sede do império português como do Brasil, com todos os seus contrastes e exuberâncias. “Teatro de Debret” integra as comemorações dos 200 anos da chegada da Família Real.

Apontado como “cronista” e “repórter” de sua época, Debret escreveu que “não poderia deixar de registrar o mais rápido o Brasil de 1816, uma vez que, nesta bela plaga, mais do que em qualquer outro lugar, os rápidos progressos da civilização adulteram a cada dia o aspecto primitivo e os hábitos nacionais dos brasileiros”. Para Julio Bandeira, curador dos Museus Castro Maya, Debret “toma nota, a cores, do Brasil de então, como um pintor-repórter”. “Em seus trabalhos, o público pode perceber os cinco sentidos do artista: estão lá não somente a visão, mas o tato, o paladar e o olfato”.

A exposição tem três grandes módulos e dois anexos. No vão central da Casa França-Brasil, estarão 220 aquarelas pertencentes aos Museus Castro Maya, trabalhos “que representam o resultado final feito por Debret a partir de suas anotações nas ruas da cidade”, observa Julio Bandeira. “Cada obra é uma cena do teatro brasileiro visto por Debret”, diz. Ainda no vão central, estarão cinco óleos produzidos pelo artista, e um retrato seu, feito por seu dileto aluno Manuel de Araújo Porto Alegre.

Na sala lateral esquerda será exposto pela primeira vez o conjunto de 151 litografias do livro “Viagem Pitoresca e Histórica pelo Brasil”, editado na França entre 1834-1839, com impressão supervisionada por Debret. O conjunto pertence ao acervo de Guita e José Mindlin. Na sala lateral direita estarão 116 esboços em aquarela feitos por Debret diretamente nas ruas da cidade, a matéria-prima para seus trabalhos em aquarela ou litografia. As aquarelas são do acervo dos Museus Castro Maya.

O espaço da Casa França-Brasil tem ainda dois vãos laterais: no lado esquerdo serão mostrados três exemplares originais da primeira edição de “Viagem Pitoresca”, e no direito ficarão sete desenhos originais do artista português Henrique Jose da Silva, diretor da Academia de Belas Artes. A idéia é mostrar dois processos inteiramente diferentes: o ainda rococó e beato portugueses, e a modernidade representada por Debret, em sua busca pelo registro de um cotidiano profano.

Nenhum comentário:

 
Locations of visitors to this page