O francês Marcel Marceau, que faleceu ontem em Paris aos 84 anos, era o artista mais representativo da mímica. Em seis décadas de carreira ele fascinou o público dos cinco continentes graças a uma arte sem palavras, terna e comovedora, que ultrapassava fronteiras.
Nascido em Estrasburgo em 22 de março de 1923, no começo da Segunda Guerra Mundial se mudou para Limoges para escapar da perseguição nazista, onde se dedicou ao estudo das artes.
Seu pai, de origem judaica, não escapou à perseguição e foi deportado em 1944 ao campo de extermínio de Auschwitz, onde foi assassinado.
Seu pai, de origem judaica, não escapou à perseguição e foi deportado em 1944 ao campo de extermínio de Auschwitz, onde foi assassinado.
O jovem Marcel, que havia mudado seu nome Mangel por Marceau para ocultar suas origens nestes tempos turbulentos, se envolveu na resistência contra a ocupação nazista e participou na campana na Alemanha, onde inclusive fez algumas apresentações para as tropas aliadas.
Aluno de Etienne Decroux, pioneiro da mímica moderna, foi professor de arte dramática em Paris e ao terminar a guerra mundial ingressou na companhia de Madeleine Reanud e Jean Louis Barrault onde se destacou no papel de Arlequim.
Tomando como referência os grandes comediantes de cinema do mundo, como Chaplin - que ele imitava quando criança - e Keaton, em 1947, já com sua própria companhia, criou seu famoso personagem "Bip", que o acompanhou por toda a sua vida e que se tornou popular com seu rosto pintado de branco, calças largas de palhaço, camisa de marinheiro e uma expressividade corporal frágil somente na aparência.
Ele se tornou mundialmente famoso em 1955, quando fechou um contrato temporário nos Estados Unidos. A partir de então, começou a fazer turnês pela Europa e América.
Atuou nos melhores teatros do mundo e em 1978 criou com seus próprios discípulos e Escola Internacional de Mimodrama, na qual ensinava não apenas mímica - para garantir a importância desta arte cênica - como também dança e acrobacia.
Sua energia e constituição física o permitiram continuar atuando quase até o final de seus dias.
Em novembro de 1997 havia celebrado com grande êxito em Paris seus 50 anos de trabalho com o espetáculo "Pantomimes de Bip" e "Le chapeau melon".
Em novembro de 1997 havia celebrado com grande êxito em Paris seus 50 anos de trabalho com o espetáculo "Pantomimes de Bip" e "Le chapeau melon".
Mas não deixou de subir aos palcos e em 2000 organizou uma turnê com o espetáculo "Les premiers adieux de Bip" (a primeira despedida de Bip), que teve uma continuação em 2002, "Le retour du mime Marceau" (a volta do mímico Marceau) e depois um nova turnê em 2005 pela América Latina com "Le meilleur de Marceau" (o melhor de Marceau).
Premiado na França com as maiores condecorações oficiais - Oficial de la Legión de Honor, Comendador de las Artes y las Letras y Gran Oficial de la Orden Nacional del Mérito - era membro também da Academia de Artes de Berlim e Munique.
Era também doutor "honoris causa" das universidades de Princeton, do estado de Ohio, Lindfield College, Ann Arbor (Michigan) e Ricardo Palma (Peru).
Recebeu as chaves de honra das cidades de Nova York, Los Angeles o San Juan de Puerto Rico (1994) e a Orden Generalísimo Francisco de Miranda de Venezuela em outubro de 1996. Foi embaixador da boa vontade da Unesco e membro da Associação França - Checoslovaquia.
O "Charlie Chaplin da mímica" foi casado três vezes e era pai de quatro filhos. Fez duas notáveis incursões ao cinema como ator, com Roger Vadim em "Barbarella" (1968) e com Mel Brooks en "La dernière folie" (1976).
Agência EFE
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