Hoje foi o dia da caminhada entre Aushwitz - campo de concentração - e Birkenau - campo de extermínio. Repetimos o mesmo percurso que os judeus faziam entre um campo e outro durante a Segunda Guerra Mundial. Dez mil pessoas juntas para manter na memória e não deixar ser esquecido esse crime sem paralelo na história da humanidade.
Sete mil jovens de todos os continentes participam da Marcha da Vida para que aprendam o que foi o Holocausto. De muitos países, como Alemanha e Áustria, origem do nazismo, a maioria dos alunos é de não judeus. Da Polônia, onde três milhões de judeus foram mortos, há 900 estudantes não judeus. Recordar é preciso. Entre os três mil adultos, muitos são sobreviventes, conseguiram sair com vida do inferno que foi Aushwitz - Birkenau e conseguem voltar, apesar das tristes memórias.
Alguns porque sabem da importância de manter a lembrança para que não se repita. Outros trazem os netos, para que saibam pelo que passaram. Imagine as lembranças que esses sobreviventes têm e a dificuldade que deve ser enfrentar a emoção de transpor os portões de um campo de concentração. Entrevistamos alguns para o filme e fotografamos para o livro.
Após a marcha, houve uma celebração. O chefe das Forças Armadas de Israel estava presente.
Assim como autoridades da Polônia e da Alemanha. Discursaramam todos garantindo que isso jamais acontecerá de novo. A parte mais emcionante foi o discurso de sobreviventes e filhos de sobreviventes. Uma cerimônia marcante para lembrar o horror nazista e os seis milhões de judeus mortos.
Uma visita ao bairro que deu origem ao judaísmo na Polônia
Cracóvia - A programação da Marcha da Vida no dia 30 de abril, para os 300 estudantes brasileiros e milhares de estudantes de vários países - sendo muitas delegações, como da Áustria, por exemplo, formada por não judeus -, começou pela manhã com uma visita ao bairro de Kazimierski, antigo bairro judeu de Cracóvia, que foi a origem do judaísmo na Polonia. O rei Kazimiers convidou os judeus para morarem na sua cidade e ajudar a desenvolver o comércio. Isso em 1.300. A partir daí, os judeus espalharam-se pela Polônia e chegaram a ser mais de 10% da população, um total de 3,3 milhões.
Visitamos sinagogas reconstruídas depois da guerra; o cemitério, também profanado pelos nazistas; e terminamos a manhã num ato que celebrou a sobrevivência dos judeus numa data simbólica: 30 de abril. Neste mesmo dia, em 1945, Hitler se matou, depois de ordenar a morte de 50 milhões de pessoas e tentar exterminar os judeus da face da Terra.
Depois fomos a Aushwitz, o temível campo de concentração criado, a princípio, para prisioneiros poloneses de esquerda, políticos da oposição e homossexuais. Até que em julho de 41, os nazistas decidiram que Aushwitz e seu vizinho Birkenau se tranformariam em campos de concentração e morte de judeus. Foi em Aushwitz que Menguele, que morreu incógnito no Brasil, fez suas terríveis experiências com gêmeos e anões judeus, usando uma pseudo ciência para justificar seus crimes.
O segundo dia da Marcha da Vida mostra algumas lições: o lugar onde os judeus iniciaram seus quase mil anos de vida na Polônia e o local onde foram exterminados durante a guerra. Apesar de todas as atrocidades e do assassinato de seis milhões de judeus (crianças, bebês, mulheres e homens), de um total de 11 milhoes que viviam na Europa na época, os judeus sobreviveram e o mal foi derrotado. Hitler e seus asseclas; ministros; banqueiros que financiaram a guerra recebendo os bens dos judeus mortos; industriais que colaboraram com o massacre usando mão-de-obra escrava ou desenvolvendo produtos para assassinato em massa; engenheirios que planejaram o morticínio; colaboradores que se aproveitaram do momento, enfim, apesar de toda uma estrutura assassina, o bem triunfou. Mas é preciso ficar atento, pois sempre surge um louco no mundo propondo uma "limpeza étnica".
Marcio Pitliuk
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