São três conflitos diferentes, mas com origens similares e uma lição importante para o Brasil. Na crise mais vistosa, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou o rompimento das relações com o governo colombiano. "Enquanto o presidente Uribe for o presidente da Colômbia, não terei nenhum tipo de relação nem com ele nem com o governo da Colômbia", declarou Chávez, em boa cobertura do enviado Lourival Sant’Anna, de O Estado. O pretexto é o fato de a Colômbia ter descartado a participação de Chávez na negociação pela liberação de seqüestrados políticos. Pura cortina de fumaça. Sob ameaça real de perder o referendo constitucional de domingo, Chávez está buscando um inimigo externo para reunificar em torno de si o voto nacionalista. E a Colômbia é um alvo perfeito pelas históricas tentativas (e fracassos) de Bogotá em criar um país úni co no norte da América do Sul.
A segunda crise é da Bolívia, também envolvida numa polêmica reforma constitucional. Uma greve geral paralisou ontem os departamentos de Santa Cruz e e Chuquisaca, os mais ricos do país e centros da oposição ao governo de Evo Morales. Em Tarija, Beni, Pando, Cochabamba, a greve se concentrou apenas nos centros urbanos, mostra o enviado especial de O Globo Ricardo Galhardo. A paralisação foi um protesto contra a aprovação, no sábado, de um projeto de Constituição sem a participação dos parlamentares opositores. O país está dividido. Os departamentos produtores de gás natural na fronteira com o Brasil querem mais autonomia, talvez até a criação de um novo país. Evo Morales quer a distribuição do dinheiro do gás pelo país, especialmente nos seus redutos eleitorais indígenas. No fim de semana, quatro pessoas morreram em confronto com a polícia em um protesto em Sucre, a cidade que até a seman a passada era o palco dessas reuniões da constituinte. Longe de Sucre e dos oposicionistas, os deputados ligados a Evo aprovaram a retirada de verbas e expropriação de terras dos Estados produtores de gás.
Por último, o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou ontem que colocará seu cargo à disposição em apoio aos trabalhos de uma Assembléia Constituinte com "plenos poderes". Antecipando-se ao início dos trabalhos da Constituinte, o Congresso equatoriano declarou que entrará em recesso por um mês. "É agora ou nunca, se dessa vez não conseguirmos que o país mude radicalmente de maneira pacífica, na próxima vez o povo vai querer fazer mudanças de formas violentas", disse o presidente.
Agora, a lição. A diplomacia brasileira finge que o país é um líder regional, que merece um lugar nas negociações mundiais, mas o que está fazendo para evitar essa crise geral no continente? A idéia de não-intervenção no assunto dos vizinhos é muito bonita quando os países estão em crises digamos “normais”, mas as três de hoje têm reflexos diretos no futuro da democracia do continente. Quem garante o abastecimento de gás no Brasil se houver um a guerra civil na Bolívia? E por que o Brasil não tenta mediar a crise entre Bogotá e Caracas? Qual a posição do “líder” Brasil com a óbvia interferência do chavismo no Equador? Líderes tem que liderar. E não se omitir.
Thomas Traumann
http://www.ofiltro.com.br/
A segunda crise é da Bolívia, também envolvida numa polêmica reforma constitucional. Uma greve geral paralisou ontem os departamentos de Santa Cruz e e Chuquisaca, os mais ricos do país e centros da oposição ao governo de Evo Morales. Em Tarija, Beni, Pando, Cochabamba, a greve se concentrou apenas nos centros urbanos, mostra o enviado especial de O Globo Ricardo Galhardo. A paralisação foi um protesto contra a aprovação, no sábado, de um projeto de Constituição sem a participação dos parlamentares opositores. O país está dividido. Os departamentos produtores de gás natural na fronteira com o Brasil querem mais autonomia, talvez até a criação de um novo país. Evo Morales quer a distribuição do dinheiro do gás pelo país, especialmente nos seus redutos eleitorais indígenas. No fim de semana, quatro pessoas morreram em confronto com a polícia em um protesto em Sucre, a cidade que até a seman a passada era o palco dessas reuniões da constituinte. Longe de Sucre e dos oposicionistas, os deputados ligados a Evo aprovaram a retirada de verbas e expropriação de terras dos Estados produtores de gás.
Por último, o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou ontem que colocará seu cargo à disposição em apoio aos trabalhos de uma Assembléia Constituinte com "plenos poderes". Antecipando-se ao início dos trabalhos da Constituinte, o Congresso equatoriano declarou que entrará em recesso por um mês. "É agora ou nunca, se dessa vez não conseguirmos que o país mude radicalmente de maneira pacífica, na próxima vez o povo vai querer fazer mudanças de formas violentas", disse o presidente.
Agora, a lição. A diplomacia brasileira finge que o país é um líder regional, que merece um lugar nas negociações mundiais, mas o que está fazendo para evitar essa crise geral no continente? A idéia de não-intervenção no assunto dos vizinhos é muito bonita quando os países estão em crises digamos “normais”, mas as três de hoje têm reflexos diretos no futuro da democracia do continente. Quem garante o abastecimento de gás no Brasil se houver um a guerra civil na Bolívia? E por que o Brasil não tenta mediar a crise entre Bogotá e Caracas? Qual a posição do “líder” Brasil com a óbvia interferência do chavismo no Equador? Líderes tem que liderar. E não se omitir.
Thomas Traumann
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