Se Hugo Chávez tivesse nascido antes de 5 de julho de 1811 (independência da Venezuela), certamente estaria exercendo a função de "bobo da corte" da coroa espanhola. E, quando suas colocações, no exibicionismo barato, excedessem a paciência do rei de Espanha, esse exclamaria com todas as suas forças: "por quê não se cala?" E talvez, para o bem de todos, o rei o mandaria para o cadafalso.
" Chávez se acha no direito de fazer gracejos e achincalhar autoridades e países "
Infelizmente, hoje não funciona assim, e Chávez, muito mais que um "bobo da corte" espanhola, se transformou em um "bobo global". Atualmente Hugo Chávez freqüenta a Cúpula Ibero-Americana como presidente "democrático" da Venezuela, onde se acha no direito de fazer gracejos e achincalhar autoridades e países que compõe a Cúpula. Assim foi com Lula, a respeito da "redescoberta" do campo petrolífero Tupi que, qual o próprio Brasil, já havia sido descoberto há muito tempo, só não sabendo dessas descobertas o nosso presidente. Chávez não só debochou desta descoberta como a qualificou, implicitamente, de "fajuta" e "marqueteira", em público e no meio da reunião em questão, perante a mídia global.
A reação de Lula e do seu "assessor para gestos obscenos", Marco Aurélio Garcia, foi compatível com a responsabilidade que eles têm na divulgação dos sentimentos patrióticos do povo brasileiro: nenhuma. E, por isso, acharam que tudo não passava de uma brincadeira do boquirroto venezuelano, razão das suas risadas ante as câmeras e flashes da imprensa mundial. Coisa de brasileiros, acharam os dois. Afinal, o brasileiro não leva nada a sério.
" Lula deveria ter reagido, energicamente, como presidente do Brasil, aos gracejos inoportunos e impróprios "
Lula fez uma "jogada" política com o campo petrolífero Tupi, confessada pelo ministro Mares Guia. Mas, ainda assim, Lula deveria ter reagido, energicamente, como presidente do Brasil, aos gracejos inoportunos e impróprios de Chávez, assim como fez o presidente da Espanha ao responder o insulto que o venezuelano fez a Aznar, ex-presidente do governo espanhol e desafeto político do próprio Zapatero: "Quero expressar ao presidente Hugo Chávez que, em uma mesa em que há governos democráticos, tem-se como princípio essencial o respeito". E concluiu: "O ex-presidente Aznar foi eleito pelos espanhóis e exijo esse respeito".
Respeito ao seu povo, sua escolha e convicção. Que belo exemplo. Que bela lição de comportamento político e de compostura, digno de um verdadeiro estadista e democrata. Atitude que os presidentes latino-americanos não conseguem assimilar, limitando-se a gracejos, mentiras, demagogias e atos antidemocráticos. No caso do governo Chávez, se cabe algum rótulo, fascista é o mais apropriado. O rei se retirou da reunião, não sem antes mandar Chávez calar a boca, e deixou o "bobo" fazendo graça para os demais, que se embebedam nas boquirrotices do "Grande Falastrão". Pior para eles. Pior para nós.
Fernando Antônio da Silveira
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