Similar à Terra em tamanho e massa, Vênus compartilha também um passado comum com o planeta vizinho e, a se cumprirem os piores prognósticos para o clima terrestre, um futuro infernal. Novos dados divulgados pela Agência Espacial Européia (ESA, na sigla em inglês) na quarta-feira revelam que Vênus era um planeta gêmeo da Terra, contando, inclusive, com oceanos, antes de se transformar em um ambiente seco com o acúmulo de CO2 na atmosfera e a perda de toda a água. Os dados e imagens foram enviados pela sonda Venus Express.
- É verdadeiramente surpreendente o quanto Vênus é agora tão diferente da Terra - disse Fred Taylor, cientista do projeto Venus Express, na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha.
Lançada em 2005, a missão tem como objetivo esclarecer, justamente, por que um planeta tão similar à Terra, em sua origem, teria evoluído de forma a se tornar um grande e inóspito deserto seco e de altas temperaturas.
- Esta é a pergunta de um milhão de dólares - afirmou Taylor, que descreve agora Vênus como "um gêmeo da Terra, mas separado ao nascer".
Há séculos, Vênus representa um grande mistério para a ciência. Apesar de ser o planeta mais próximo da Terra, demonstrou ser extremamente difícil de estudar, uma vez que está permanentemente coberto de nuvens que obscurecem a visibilidade da sua superfície.
Os dados compilados pela sonda e apresentados na revista "Nature" revelaram algumas pistas sobre a atmosfera e o clima de Vênus - que registra temperaturas de até 450 graus Celsius e tem pressão atmosférica quase cem vezes superior à da Terra.
O planeta mais brilhante do Sistema Solar é coberto por uma espécie de capa atmosférica quente de aproximadamente 100 quilômetros de espessura. Vênus é duramente atingido por ventos solares e segue perdendo íons de hidrogênio, oxigênio e gelo.
Esse mundo seco, inóspito e incrivelmente quente é castigado ainda por raios e tem lagos de rocha fervente. O planeta possui imensas depressões com rocha líquida, a uma temperatura de até 500 graus Celsius. A missão da Venus Express termina oficialmente em 2009, mas pode ser prorrogada até 2010.
A Venus Express vem fornecendo uma enorme contribuição para a compreensão de todos fenômenos do planeta, mas não desvendou todos os seus mistérios. Uma pergunta-chave que os cientistas gostariam de ver respondida é até que ponto estão ativos os vulcões venusianos.
- A contribuição energética dos vulcões para a atmosfera pode ser enorme. O fato de não sabermos precisar isso deixa uma enorme lacuna na nossa compreensão do clima - comentou Taylor.
http://www.esa.int/SPECIALS/Venus_Express/
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