sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A Conquista do Everest por Tenzing e Hillary (3)

Everest visto da Estação Espacial Internacional. Imagem cedida por: Earth Sciences and Image Analysis Laboratory, NASA Johnson Space Center Foto: NASA Johnson Space Center http://eol.jsc.nasa.gov

"Astronauts on board the International Space Station recently took advantage of their unique vantage point to photograph the Himalayas, looking south from over the Tibetan Plateau. The perspective is illustrated by the summits of Makalu [left (8,462 meters; 27,765 feet)] and Everest [right (8,850 meters; 29,035 feet)] - at the heights typically flown by commercial aircraft".

Tenzing e Hillary no Teto do Mundo

No dia 29 de maio de 1953, às 6h30, eles saíram de suas barracas, quase cobertas de neve, respirando oxigênio suplementar, e iniciaram a jornada que os colocaria na história. Era a sétima tentativa de Tenzing Norgay e a segunda de Edmund Hillary.

Às nove chegaram ao Cume Sul, ao pé da dramática crista estreita que levava ao cume principal, a partir de onde encontraram melhores condições climáticas.

Uma hora mais tarde estavam diante de uma barreira com 13 metros, um escalão de rocha lisa e quase sem pontos de apoio, agora conhecido como Escalão Hillary.

– Era uma barreira cuja superação ia muito além de nossas frágeis forças – reconheceu o neozelandês, mais tarde.

Tenzing ficou embaixo e foi largando a corda, nervoso, enquanto Hillary, enfiando-se em uma estreita greta entre o paredão de rocha lisa e uma rebarba de neve em sua beirada, começou a agonizante subida. A lenta e penosa escalada foi sendo vencida, na base de muito esforço físico e exposição ao perigo.

Edmund Hillary conseguiu finalmente alcançar o alto da rocha e se arrastar para fora da fenda, até uma larga saliência. Por alguns momentos ele ficou ali, parado, deitado, recuperando o fôlego.

Enquanto o oxigênio artificial corria por sua veias, ele sentiu, pela primeira vez, que sua gigantesca determinação o levaria ao topo. Com as batidas do coração voltando ao normal – normal para aquelas circunstâncias! – ele firmou-se na plataforma e fez sinal para Tenzing subir.

Edmund Hillary puxou firme a corda e o sherpa foi subindo, contorcendo-se greta acima, até finalmente chegar à saliência onde o neozelandês estava.

– Exausto, desabando como um peixe gigantesco que acabou de ser içado do mar após uma luta terrível, chegou Tenzing – contou Hillary.

O cume, a apenas uma pequena distância, os observava, impassível, sentindo que em breve seria derrotado por aqueles dois minúsculos seres que ousavam pisar onde ninguém jamais conseguira colocar os pés.

Edmund Hillary e Tenzing Norgay deram a volta por trás de outra saliência de rocha e viram que a crista adiante descia, podiam ver o Tibete. Eram os primeiros humanos a verem o Tibete daquele local. Eles desviaram a atenção do planalto tibetano e correram os olhos para cima, onde havia um cone redondo de neve.

Após algumas estocadas da piqueta, depois de uns poucos passos cautelosos, Tenzing Norgay e Edmund Hillary estavam no cume do monte Everest; haviam acabado de conquistar o Terceiro Pólo.

Eram 11h30min do dia 29 de maio de 1953, pelo calendário gregoriano. Hillary olhou para Tenzing e, apesar da balaclava, dos óculos de proteção e da máscara de oxigênio estarem cobertos de gelo, escondendo-lhe a face, pôde notar um grande sorriso de puro prazer com o qual o sherpa admirava o mundo ao redor.

“Estamos no lugar certo e na hora certa”, pensou Hillary. Eles sacudiram as mãos para se livrarem do gelo em suas luvas e então Tenzing abraçou o neozelandês longamente. Deram-se pequenos tapas nas costas um do outro até ficarem quase sem respiração.

Estavam no topo do mundo, no ponto mais elevado da Morada dos Deuses, na ponta do mais alto obelisco dos terráqueos. De um lado podiam ver a geleira Rongbuc. Muito longe, milhares de metros abaixo, as cores do alto planalto tibetano, como uma miragem naquele mundo branco coberto de gelo e neve.

Enquanto Tenzing Norgay preparava uma pequena oferenda para a deusa Chomolungma, Edmundo Hillary olhou em direção à Crista Norte e lembrou-se de Mallory e Irvine.

Instintivamente tentou descobrir um sinal, um objeto, qualquer evidência da passagem dos dois pioneiros. Após alguns biscoitos e um pequeno gole de chá, iniciaram uma terrível descida.

Seu oxigênio estava no fim, era preciso pressa. Chegaram ao acampamento no Colo Sul ao cair da noite. Quando Hillary avistou George Lowe, vindo ao seu encontro com uma térmica de sopa quente e um novo cilindro de oxigênio, disse, aos berros:

– Bem, George, nós liquidamos com este bastardo! – embora não tenham sido exatamente essas as palavras publicadas na imprensa na época.

James Morris, o correspondente do Times, desceu ao Acampamento-base e despachou um sherpa até Nanche Bazar com uma mensagem em código. Enviada por rádio para o embaixador britânico em Katmandu e retransmitida para Londres, a notícia foi publicada na primeira página do jornal na manhã de 2 de junho, dia da coroação da rainha Elizabete.

O sherpa Tenzing Norgay, nascido em 1914, tornou-se herói supranacional, todos os países do subcontinente indiano querendo tê-lo como seu cidadão. A partir deste feito, os sherpas jamais voltariam a ser os mesmos, tendo o nome de sua etnia passado a significar “guias de alta montanha” em todo o planeta.

Edmund Hillary, o criador de abelhas de Auckland, nascido em 1919, foi sagrado cavalheiro pela rainha da Inglaterra, ganhando o título de “Sir”. Sua imagem foi reproduzida em selos, histórias em quadrinhos, livros, filmes, capas de revista, e sua cara, comprida e fina, estampada na nota de 5 dólares na Nova Zelândia.

Airton Ortiz
360 Graus Multimídia

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