terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Olivier Messiaen, "Quarteto para o Fim dos Tempos" 5° mov.

"Quatuor pour la Fin du Temps"
5º mov. " Louange à l'Eternité de Jésus".

– Louvor à eternidade de Jesus

Quem quiser compreender como é possível que uma música caminhe para o seu silêncio deverá escutar este movimento (dueto de piano e violoncelo) e o oitavo (dueto de piano e violino). Até ao fim: isto é, muito para lá do eco do último acorde dado ao piano, muito para lá da extensíssima nota deixada a soar pelo violino, como que alheando-se do próprio instrumento. Aconselhável é que se suspenda por algum tempo a audição (quanto, o auditor saberá) para não sofrer o violento sobressalto da peça que se segue. A indicação para os músicos "infinitamente lento, extático" é suficientemente sugestiva do que aí se ouve, mas infinitamente insuficiente para descrevê-lo. De resto, descrever tal música seria quase obsceno: no fim, há só paz e respiração. A respiração pacificada de quem escuta. E quantas peças em toda a História da Música facultam tal experiência?

Neste número, “Jesus é considerado um quarto Verbo. Uma grande frase, extremamente lenta do violoncelo, exprime com amor e devoção a eternidade deste Verbo poderoso e doce, para quem os anos jamais terão fim. Majestosamente, se extenue numa espécie de tenra e suprema distância”.

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