O nome do brasileiro que, na época com 24 anos, morava e estudava em Stuttgart desde os 17, foi subitamente revelado em 6 de julho de 1982: Antonio Jerônimo de Meneses Neto recebera a medalha de ouro no Concurso Internacional Tchaikovsky de Violoncelo. Realizado de quatro em quatro anos, esse é o prêmio mais ambicionado da categoria. O próprio Antonio Meneses espantou-se com a escolha, pois tudo indicava que o premiado seria o russo Aleksandr Rudin, favorito do público.
O Prêmio Tchaikovsky fez Antonio Meneses ser condecorado pelo governo brasileiro, no mês seguinte, com a Ordem de Rio Branco no grau de oficial. Era o reconhecimento de algo que um virtuose como o italiano Antonio Janigro já soubera havia muito tempo. Ele fora o fundador do conjunto I Solisti di Zagreb e quem, durante uma excursão ao Brasil, ouviu um violoncelista que já mostrava virtuosidade aos 16 anos. Reconhecendo seu talento, levou-o a estudar primeiro em Düsseldorf e depois em Stuttgart. O pernambucano Antonio, filho do trompista João Meneses, da Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, acabara de ganhar o Concurso Jovens Instrumentistas, da Rede Globo.
Em 1977 ele ganhou o Prêmio Internacional da Televisão de Munique, que não era concedido havia 20 anos. E além do júri moscovita, outro a prontamente perceber as qualidades do instrumentista brasileiro foi Herbert von Karajan, que sempre se interessou em identificar e promover talentos jovens. O titular da Filarmônica de Berlim convidou Meneses a participar do Concerto de Páscoa que realizava todos os anos em Salzburgo, na sua Áustria natal. Meneses tocou o Concerto Duplo de Johannes Brahms ao lado de uma outra descoberta do maestro: a violinista Anne-Sophie Mutter, hoje também uma estrela de primeira grandeza no universo dos solistas de cordas.
Hoje um dos principais violoncelistas do cenário internacional, o pernambucano Antônio Meneses, nascido em Recife em 1957, começou a se dedicar à música aos 10 anos. Foi orientado por seu pai, também músico, que fazia questão de que seus três filhos dedicassem parte do tempo ao estudo de um instrumento de cordas. Seus estudos prosseguiram então com a Profª. Nídia Otero.
Meneses está hoje no primeiro time dos grandes violoncelistas internacionais, ao lado de Yo-Yo Ma, Lynn Harrell, Heinrich Schiff e poucos outros. O rigor estilístico de suas leituras, o requinte técnico que resulta na produção de sonoridades luminosas e encorpadas, a afinação perfeita e um preciso domínio do legato aliam-se, nele, ao ecletismo do repertório.
É o tipo do músico que está à vontade tanto no Concerto em Ré Maior de Haydn quanto em uma obra moderna como a Fantasia para Violoncelo de Villa Lobos - como o demonstrou ao executá-la, com a Osesp, numa das últimas vezes em que esteve em São Paulo. Aliás, Meneses é reconhecidamente um grande divulgador da obra de Villa-Lobos.
Apresentou-se por cerca de 2 anos com um instrumento ímpar: o violoncelo Matteo Goffriller de 1733, utilizado pelo célebre Pablo Casals por mais de 50 anos.
Apresenta-se regularmente com as mais importantes orquestras do mundo como a Filarmônica de Berlim, a Sinfônica de Londres, a Sinfônica da BBC, a Orquestra do Concertgebouw de Amesterdã, a Sinfônica de Viena, a Filarmônica Checa, a Filarmônica de Moscou, a Filarmônica de São Petersburgo, a Filarmônica de Israel, a Orchestre de la Suisse Romande, a Orquestra da Rádio da Baviera, a Filarmônica de Nova Iorque, a National Symphony Orchestra (Washington D.C.) e a Sinfônica NHK de Tóquio, entre outras.
Entre os distintos maestros com quem colaborou, contam-se Herbert von Karajan, Riccardo Muti, Mariss Jansons, Claudio Abbado, André Previn, Andrew Davis, Semion Bychkov, Herbert Blomstedt, Gerd Albrecht, Yuri Temirkanov, Kurt Sanderling, Neeme Järvi, Mstislav Rostropovich, Vladimir Spivakov e Riccardo Chailly.
É também um convidado regular de importantes festivais de música, incluindo os de Porto Rico (Festival Pablo Casals), Salzburgo, Lucerna, Viena, Berlim, Praga (Festival de Primavera), Nova Iorque (Mostly Mozart), la Grange de Meslay (festival de Sviatoslav Richter na França) e Colmar (festival de Vladimir Spivakov na França). Apresenta-se regularmente em recitais de música de câmara, tendo colaborado com os quartetos Emerson, Vermeer, Amati e Carmina.
Desde Outubro de 1998 é membro do lendário Beaux-Arts Trio junto com Menahem Pressler (piano) e Daniel Hope (violino).
Antonio Meneses realizou duas gravações para a Deutsche Grammophon, com Herbert von Karajan e a Orquestra Filarmônica de Berlim - Duplo Concerto para Violino e Violoncelo de Brahms, com Anne Sophie Mutter; e Don Quixote de Richard Strauss.
Gravou também o Concerto para Violoncelo de Eugene D'Albert e obras de David Popper, com a Orquestra Sinfónica de Basileia; os três Concertos para Violoncelo de Carl Philip Emanuel Bach, com a Orquestra de Câmara de Munique (Pan Classics); as seis Suites para Violoncelo Solo de J. S. Bach (Nippon Phonogram); o Trio com Piano de Tchaikovsky (EMI-Angel); os Concertos e a Fantasia para Violoncelo e Orquestra de Heitor Villa-Lobos (Auvidis-França); a obra completa para violoncelo e piano do mesmo compositor, com Cristina Ortiz, Cellisimo (Pan Classics) com Gérard Wyss;
Das suas últimas gravações podemos destacar as Seis Suites para Violoncelo de J.S.Bach (AVIE).
Sua mais recente gravação contem obras de Schumann e Schubert com Gérard Wyss ao piano (AVIE).
Além da sua presença em concertos e recitais Antonio Meneses ministra masterclasses na Europa, na América e no Japão.
A partir de outubro de 2007 assumirá uma posicão de professor de violoncelo no Consevatório de Berna, Suíça.
Antonio Meneses toca um violoncelo de ALESSANDRO GAGLIANO feito em Nápoles ca. 1730.
http://www.antoniomeneses.com/
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