segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Microsoft lança o Office Live Workspace


O Office agora pode ser usado via internet. É uma resposta aos programas gratuitos e ao Google

A Microsoft sempre dominou o mercado de programas para computadores pessoais. Para escrever um texto, fazer uma planilha ou uma apresentação de slides, nove em cada dez pessoas recorrem ao pacote Office, lançado para PCs no início da década de 1990. Até pouco tempo atrás, a concorrência à Microsoft nesse campo era pífia. Aí, há um ano, o Google lançou o Google Docs, uma versão on-line de editor de texto e planilhas. A ferramenta pode ser usada por qualquer pessoa com uma conta no Google. A vantagem é que várias pessoas podem trabalhar num mesmo documento sem precisar passá-lo por e-mail. A Microsoft pareceu não ligar para o concorrente. Agora a situação mudou.

No mês passado, a IBM lançou o Lotus Symphony, um conjunto de programas com base em software de código aberto. E, há três semanas, o Google acrescentou ao Google Docs um software de apresentação de slides, o Presently, uma espécie de Power Point on-line. Esses dois lançamentos elevaram a ameaça ao produto mais lucrativo da Microsoft, o Office. E provocaram uma reação. Em 30 de setembro, um domingo, a Microsoft mostrou sua versão beta (de teste) do Office Live Workspace, um pacote de serviços de internet exatamente para os três programas mais lucrativos do pacote: Word (texto), Excel (planilhas) e Power Point (apresentações). Com ele, os usuários individuais do Office poderão guardar, acessar e compartilhar gratuitamente até mil documentos na internet, com uma capacidade de armazenamento de 250 MB. Fora isso, poderão compartilhar um documento com seus colegas via web. O pacote não chega a ser uma versão on-line dos softwares. “O Workspace não será um programa independente, mas um serviço complementar”, afirmou o vice-presidente da divisão de softwares, Chris Capossela. O serviço deverá começar a funcionar no fim do ano e, por enquanto, somente nos Estados Unidos. É possível fazer um pré-registro para estar no grupo de pessoas que testará a versão.

Só quem tem o Office original instalado no computador poderá editar e guardar documentos pela internet

O pacote lançado pela Microsoft é muito parecido com o que o Google fez há um ano? Sim, mas o Office Live Workspace não será de uso livre. Só quem tem o Office original instalado no computador poderá editar documentos compartilhados. Quem não tiver poderá apenas ler e comentar o documento. Isso mostra que a Microsoft sentiu o lançamento dos softwares livres e dos programas gratuitos, mas ainda não o suficiente para abandonar a estratégia que rendeu US$ 16,4 bilhões no ano passado a sua divisão de negócios, encabeçada pelo Office. A Microsoft diz apenas que entregará mais tecnologia de softwares na internet a quem usa os programas.
A empresa aposta que, por enquanto, é o suficiente para evitar a fuga de clientes para os programas gratuitos. A seu favor, há o hábito de usar os programas do Office. O problema é que o número de concorrentes só faz aumentar. (Na segunda-feira, a Adobe acrescentou a seu serviço de documentos on-line o processador de texto Buzzword, da Virtual Ubiquity.) E as pequenas empresas começam a migrar para as ferramentas gratuitas, principalmente do Google. Não é preciso nenhuma planilha de Excel para perceber que a tendência não é favorável à Microsoft.
Renata Leal - Época, Ed. 490 - 08/10/2007

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