domingo, 10 de junho de 2007

Roma subterrânea

Aventureiros urbanos percorrem túneis de escoamento e passagens há muito esquecidas para conhecer os mistérios da Cidade Eterna.
Muito mais comuns que as expedições planejadas por especialistas para revelar os tesouros ocultos de Roma são as descobertas acidentais: operários cavam um buraco na rua e dão de cara com um espaço oco no subsolo, chamam os espeleólogos, e mais um achado admirável entra para a história. Foi o que aconteceu no monte Opius há dois invernos, depois de um período de chuvas, quando um buraco se abriu espontaneamente próximo a uma árvore e deixou exposta uma matriz de aposentos subterrâneos.

Marco Placidi, espeleólogo sereno, fundador da Roma Sotterranea, foi acionado. Desceu usando cordas e correias e se viu em um salão com 12 metros de pé-direito. Esse salão, supõem os arqueólogos, foi construído algum tempo depois da Domus Aurea, a “casa dourada” que Nero erigiu nas vizinhanças daquele lugar em 65 d.C., e algum tempo antes das Termas de Trajano (de aproximadamente 109 d.C.), situada logo acima dessas duas estruturas. O aposento revelou-se um dos mais bem preservados sítios do mundo romano, com tijolos meticulosamente aplainados e grandes arcadas. Mas, para Placidi, o momento mais emocionante aconteceu na descida, quando, suspenso no ar, ele apontou a lanterna para a parede e viu um mosaico, em perfeitas condições, que retrata um grupo de homens nus que colhem e pisam uvas. A Vendemmia (“A Vindima”), como foi chamado o mosaico, tem 3 metros de comprimento e é feita de minúsculos pedaços de mármore e outras pedras vividamente coloridas. “Quando desci nesse buraco, não imaginava que veria algo assim”, conta Placidi. “Foi uma alegria imensa.”

Para um forasteiro, a aleatoriedade dessas descobertas é de pasmar. Mas, para os romanos, é corriqueira. A pessoa está cuidando de seus afazeres diários e de repente topa com um artefato que não via a luz do dia há centenas ou até milhares de anos. O município concede 13 mil autorizações por ano para novas edificações, e cada uma requer avaliação arqueológica. A construção de estradas e esgotos nos sempre crescentes subúrbios romanos está com anos de atraso em razão do número avassalador de achados que interrompem as obras e arrasam os orçamentos.

A cidade de Roma tem-se empenhado nos últimos três anos para levar o serviço de esgoto ao entorno da via Ápia a sudeste, mas não avançou muito, segundo Davide Mancini e Sergio Fontana. Eles dirigem uma cooperativa de pós-graduandos em arqueologia chamada Parsifal, paga com os magros recursos da Secretaria Municipal de Arqueologia para supervisionar o trabalho de dezenas de turmas de operários da construção civil. Em um momento qualquer, a Parsifal pode estar supervisionando até 20 obras, procurando artefatos, fazendo relatórios para o governo e, se necessário, interrompendo os trabalhos para analisar os achados. A arqueologia tradicional é minuciosa, lenta, mas os especialistas da Parsifal precisam de reflexo: ser capazes de detectar um objeto precioso e avaliá-lo segundos antes de a escavadeira descer.

Em um dia típico na obra, sob a supervisão de Mancini e Fontana uma escavadeira pára até quatro vezes em apenas meia hora. Um esbaforido estudante de pós-graduação pula no buraco lamacento e joga tesouros lá para cima: uma lâmpada, vários pratos e vasilhas, pequenas esculturas em terracota, inúmeros fragmentos de ânfora, e boa parte dessas coisas pode ser do século 3 ou 4 a.C. “Esta área está um caos”, comenta Mancini. Ele diz que o trabalho começou ali em junho de 2003, com previsão de terminar em poucos meses. Mas agora não se pode mais calcular quando o projeto será concluído.

Poucos minutos depois, a escavadeira pára de novo. O estudante entra no buraco e manda para cima vários pedaços grandes de ânfora, em um dos quais há uma massa grudada. Fontana se anima, cheira o material. Explica que pode ser resina usada para selar a ânfora, uma descoberta rara. Mancini discorda. Supõe que possa ser incenso, talvez porque a ânfora tenha sido reutilizada no período medieval. Seja lá o que for, o fragmento vai para um saco plástico, que por sua vez é posto em uma caixa, ao lado de dezenas de outras à espera de que um caminhão as leve a um depósito. Enquanto isso, o operador da escavadeira termina seu cigarro e pede permissão para continuar seu trabalho.
AUTOR: Paul Bennett
FOTÓGRAFO: Stephen L. Alvarez
National Geographic 2006
Aquae Urbis Romae – The Waters of the City of Rome (As águas da cidade de Roma)www.iath.virginia.edu/rome
Este estudo sobre o sistema de água e esgoto de Roma a partir de 753 a.C. pretende cobrir toda a história do desenvolvimento deste sistema em Roma até hoje em dia. No momento, apenas a parte da Roma Antiga está documentada; a seção medieval ainda está sedo compilada. O objetivo do estudo é determinar como a água de Roma e a maneira como os romanos a utilizavam delineou a vida pública da cidade. Mapas e linhas do tempo mostram as diversas camadas das estruturas de água de Roma.
Roma Sotterranea (Roma subterrânea)
Para saber mais a respeito de descobertas subterrâneas antigas em Roma, ler sobre espeleologia urbana e ficar a par de avanços futuros, visite o site Roma Sotterranea. A “Lista de Locais Subterrâneos” apresenta um menu no canto direito superior que traz uma longa lista de links para informações detalhadas a respeito de locais a partir de San Clemente e da Cloaca Maxima a diversas catacumbas, igrejas e basílicas.
The Colosseum (O Coliseu)
Apesar de as informações terem sido compiladas por um amador, esta é uma boa fonte, em grande parte visual, para tudo que se relaciona ao antigo Coliseu. De acordo com as palavras do autor, “neste site você encontra informações a respeito de história, arquitetura e jogos realizados no anfiteatro; há também notícias a respeito dos eventos no Coliseu, informações práticas para uma visita, perguntas freqüentes, uma página com as respostas às dúvidas dos usuários e muito mais, como figuras e plantas, o mapa do site e até mesmo uma página sobre os gatos da arena”.
The Imperial Fora (Os fóruns imperiais)
Apesar de a área central da Roma Antiga geralmente ser chamada de Fórum Romano, este fórum específico da república Romana na verdade era apenas um entre diversos fóruns – os outros foram construídos posteriormente por imperadores e traziam o nome de cada um deles. Este site fornece informações a respeito dos fóruns de César, Trajano, Vespasiano, Augusto e Nerva. Um mapa detalhado com pontos de interesse ajuda a identificar onde fica cada um deles.

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