Muito mais comuns que as expedições planejadas por especialistas para revelar os tesouros ocultos de Roma são as descobertas acidentais: operários cavam um buraco na rua e dão de cara com um espaço oco no subsolo, chamam os espeleólogos, e mais um achado admirável entra para a história. Foi o que aconteceu no monte Opius há dois invernos, depois de um período de chuvas, quando um buraco se abriu espontaneamente próximo a uma árvore e deixou exposta uma matriz de aposentos subterrâneos.
Marco Placidi, espeleólogo sereno, fundador da Roma Sotterranea, foi acionado. Desceu usando cordas e correias e se viu em um salão com 12 metros de pé-direito. Esse salão, supõem os arqueólogos, foi construído algum tempo depois da Domus Aurea, a “casa dourada” que Nero erigiu nas vizinhanças daquele lugar em 65 d.C., e algum tempo antes das Termas de Trajano (de aproximadamente 109 d.C.), situada logo acima dessas duas estruturas. O aposento revelou-se um dos mais bem preservados sítios do mundo romano, com tijolos meticulosamente aplainados e grandes arcadas. Mas, para Placidi, o momento mais emocionante aconteceu na descida, quando, suspenso no ar, ele apontou a lanterna para a parede e viu um mosaico, em perfeitas condições, que retrata um grupo de homens nus que colhem e pisam uvas. A Vendemmia (“A Vindima”), como foi chamado o mosaico, tem 3 metros de comprimento e é feita de minúsculos pedaços de mármore e outras pedras vividamente coloridas. “Quando desci nesse buraco, não imaginava que veria algo assim”, conta Placidi. “Foi uma alegria imensa.”
Para um forasteiro, a aleatoriedade dessas descobertas é de pasmar. Mas, para os romanos, é corriqueira. A pessoa está cuidando de seus afazeres diários e de repente topa com um artefato que não via a luz do dia há centenas ou até milhares de anos. O município concede 13 mil autorizações por ano para novas edificações, e cada uma requer avaliação arqueológica. A construção de estradas e esgotos nos sempre crescentes subúrbios romanos está com anos de atraso em razão do número avassalador de achados que interrompem as obras e arrasam os orçamentos.
A cidade de Roma tem-se empenhado nos últimos três anos para levar o serviço de esgoto ao entorno da via Ápia a sudeste, mas não avançou muito, segundo Davide Mancini e Sergio Fontana. Eles dirigem uma cooperativa de pós-graduandos em arqueologia chamada Parsifal, paga com os magros recursos da Secretaria Municipal de Arqueologia para supervisionar o trabalho de dezenas de turmas de operários da construção civil. Em um momento qualquer, a Parsifal pode estar supervisionando até 20 obras, procurando artefatos, fazendo relatórios para o governo e, se necessário, interrompendo os trabalhos para analisar os achados. A arqueologia tradicional é minuciosa, lenta, mas os especialistas da Parsifal precisam de reflexo: ser capazes de detectar um objeto precioso e avaliá-lo segundos antes de a escavadeira descer.
Em um dia típico na obra, sob a supervisão de Mancini e Fontana uma escavadeira pára até quatro vezes em apenas meia hora. Um esbaforido estudante de pós-graduação pula no buraco lamacento e joga tesouros lá para cima: uma lâmpada, vários pratos e vasilhas, pequenas esculturas em terracota, inúmeros fragmentos de ânfora, e boa parte dessas coisas pode ser do século 3 ou 4 a.C. “Esta área está um caos”, comenta Mancini. Ele diz que o trabalho começou ali em junho de 2003, com previsão de terminar em poucos meses. Mas agora não se pode mais calcular quando o projeto será concluído.
Poucos minutos depois, a escavadeira pára de novo. O estudante entra no buraco e manda para cima vários pedaços grandes de ânfora, em um dos quais há uma massa grudada. Fontana se anima, cheira o material. Explica que pode ser resina usada para selar a ânfora, uma descoberta rara. Mancini discorda. Supõe que possa ser incenso, talvez porque a ânfora tenha sido reutilizada no período medieval. Seja lá o que for, o fragmento vai para um saco plástico, que por sua vez é posto em uma caixa, ao lado de dezenas de outras à espera de que um caminhão as leve a um depósito. Enquanto isso, o operador da escavadeira termina seu cigarro e pede permissão para continuar seu trabalho.
AUTOR: Paul Bennett
FOTÓGRAFO: Stephen L. Alvarez
National Geographic 2006
Aquae Urbis Romae – The Waters of the City of Rome (As águas da cidade de Roma)www.iath.virginia.edu/rome
Este estudo sobre o sistema de água e esgoto de Roma a partir de 753 a.C. pretende cobrir toda a história do desenvolvimento deste sistema em Roma até hoje em dia. No momento, apenas a parte da Roma Antiga está documentada; a seção medieval ainda está sedo compilada. O objetivo do estudo é determinar como a água de Roma e a maneira como os romanos a utilizavam delineou a vida pública da cidade. Mapas e linhas do tempo mostram as diversas camadas das estruturas de água de Roma.
Roma Sotterranea (Roma subterrânea)
Para saber mais a respeito de descobertas subterrâneas antigas em Roma, ler sobre espeleologia urbana e ficar a par de avanços futuros, visite o site Roma Sotterranea. A “Lista de Locais Subterrâneos” apresenta um menu no canto direito superior que traz uma longa lista de links para informações detalhadas a respeito de locais a partir de San Clemente e da Cloaca Maxima a diversas catacumbas, igrejas e basílicas.
The Colosseum (O Coliseu)
Apesar de as informações terem sido compiladas por um amador, esta é uma boa fonte, em grande parte visual, para tudo que se relaciona ao antigo Coliseu. De acordo com as palavras do autor, “neste site você encontra informações a respeito de história, arquitetura e jogos realizados no anfiteatro; há também notícias a respeito dos eventos no Coliseu, informações práticas para uma visita, perguntas freqüentes, uma página com as respostas às dúvidas dos usuários e muito mais, como figuras e plantas, o mapa do site e até mesmo uma página sobre os gatos da arena”.
The Imperial Fora (Os fóruns imperiais)
Apesar de a área central da Roma Antiga geralmente ser chamada de Fórum Romano, este fórum específico da república Romana na verdade era apenas um entre diversos fóruns – os outros foram construídos posteriormente por imperadores e traziam o nome de cada um deles. Este site fornece informações a respeito dos fóruns de César, Trajano, Vespasiano, Augusto e Nerva. Um mapa detalhado com pontos de interesse ajuda a identificar onde fica cada um deles.
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