segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Louvre e seus visitantes

'As três graças', de Alécio de Andrade


Durante quase 30 anos, o fotógrafo, pianista e poeta brasileiro Alécio de Andrade (1938-2003) visitava diariamente o Louvre, "como um mineiro vai à mina", dizia. Carioca radicado em Paris desde 1964, Alécio garimpava tesouros instantâneos no mais célebre museu do mundo, flagrando com sua câmera momentos mágicos de interação entre obras, visitantes e funcionários.

Veja algumas das fotos da exposição 'O Louvre e seus visitantes'

http://oglobo.globo.com/cultura/fotogaleria/2009/8734/

O resultado deste trabalho é uma série de 12 mil fotografias em preto e branco. Patricia Newcomer, viúva do fotógrafo brasileiro, dedicou-se a organizar este acervo para fazer um livro, seguindo os planos de Alécio. Após uma seleção inicial de 2 mil fotos, Patricia pediu ajuda ao amigo Jean Marchetti, editor e marchand belga. Marchetti selecionou as 61 fotos que compõem o livro "O Louvre e seus visitantes", lançamento do Instituto Moreira Salles no Brasil.

Para complementar o livro, mais 27 fotos foram adicionadas para uma exposição, aberta ao público nesta sexta-feira na sede do Instituto Moreira Salles em São Paulo.

- Alécio acreditava que em algum momento ele conseguiria prever uma foto antes que ela acontecesse. E sempre dizia que o mais importante em uma foto era a posição de seu pé. Para ele, fotografar era uma dança. Alécio não era um observador distante, fazia parte do que fotografava, com uma noção de ritmo que vinha do pianista - explica Patricia Newcomer.

Quando Alécio foi viver em Paris, em 1964, estava ansioso para ver os originais das pinturas que já havia visto reproduzidas em livros. Mas, apesar de ter começado a fotografar o Louvre em 1965, a idéia de fazer uma série de fotografias dentro do museu, mostrando as obras e os visitantes que as observavam, só se consolidou mesmo no início dos anos 80.

- Sempre que um jovem fotógrafo o visitava em Paris, Alécio os mandava ao Louvre para ver pinturas e dizia: "vá ao Louvre e depois me peça conselhos" - lembra Patricia.

A princípio, Alécio pretendia capturar imagens em todos os museus de Paris. Mas um de seus editores recomendou: "se sua paixão é o Louvre, por que não ficar só no Louvre?". O brasileiro já havia feito por lá fotos como "As três graças" (foto), na qual três freiras observam as três mulheres nuas do quadro de Jean-Batista Regnoult, e se entusiasmou com a idéia. Alécio também estava encantado com a construção do Grand Louvre, inaugurado em 1989.

- Quando você visita o Louvre é que percebe o quanto deve ter sido difícil para ele fotografar em meio à multidão - admira-se a viúva, Patricia, contando que Alécio fotografava mais entre os meses de junho e setembro, o período de rush dos turistas. - Ele sempre esperava fazer algo que não fosse banal e tinha um senso de humor incrível. 

Márcia Abos - O Globo


                  O Louvre e seus visitantes

De 24 de abril a 21 de junho de 2009

IMS - São Paulo
Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis
CEP: 01241-000 - São Paulo-SP
Tel.: 11 3825-2560; fax: 11 3661-0984
De terça a sexta, das 13h às 19h;
sábado e domingo, das 13h às 18h.

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