Em cartaz a partir desta sexta-feira (21), o filme “As sombras de Goya” é o mais novo trabalho do diretor Milos Forman, do clássicos “Um estranho no ninho” e “Hair”. Mais uma vez, o cineasta se debruça sobre a vida de uma figura pública do meio cultural e, mais uma vez, faz uso da licença poética para tornar a história ainda mais espetaculosa.
Depois de retratar Mozart em “Amadeus”, Larry Flynt em “O povo contra Larry Flynt” e o comediante Andy Kaufman em “O mundo de Andy”, Forman volta sua câmera para o pintor Francisco Goya.
Mas, embora traga o nome do artista espanhol no título, Goya tem um papel secundário no filme, já que os personagens de Natalie Portman e Javier Bardem centralizam a trama, ambientada em 1792.
História
Portman é Inês, uma jovem musa do pintor que é presa e torturada pela Inquisição, acusada por engano de seguir costumes judaicos. Bardem vive o malvado padre Lorenzo, que usa seus poderes para atormentar a moça na prisão. Interpretado pelo sueco Stellan Skarsgard, Goya é um artista estabelecido e em paz consigo mesmo e tenta ajudar Inês por meio de seu bom trânsito com o padre. Mas Lorenzo vê em sua posição a chance de dar vazão a seus desejos mais sujos.
A dinâmica entre os dois personagens é fascinante: a voz contida e educada de Lorenzo esconde sua falha de caráter, enquanto o olhar aparentemente amistoso de Goya revela que, no fundo, ele enxerga a verdade sobre o padre. Esse delicado equilíbrio, levado à tela com atuações primorosas, é a chave da trama.
A atuação de Natalie Portman também impressiona, primeiro na pele da bela Inês jovem, depois como uma Inês envelhecida, imunda e doente, e mais tarde como sua filha, uma prostituta.
Apesar de alguns problemas de ritmo, o filme entrega o que promete: um drama de época envolvente, com personagens marcantes e grandes performances. O resultado ganha elegância e grandiosidade com a direção caprichada de Forman, que faz referência direta ao visual sombrio da obras de Goya, e a uma reconstituição de época bem-cuidada e rica em detalhes.
Carla Meneghini
G1
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