A vitória do Não foi uma surpresa por vários motivos. Além de todas as bocas de urnas trazerem a vitória de Hugo Chavez, o alto indice de abstenção indicava isso: 50% não tinham ido votar. Os analistas achavam que isso favoreceria Chavez porque quem não ia votar é porque estava desanimado. Os animadores defensores de Chavez iriam.
Além disso ele usou vários truques: manipulou descaradamente as perguntas feitas ao eleitor misturando coisas consideradas boas como a redução da jornada de trabalho com mandatos indefinidos para ele. Proibiu o debate quando viu que o não estava crescendo. Reprimiu estudantes contrários a ele. Chamou de traidores os que se manifestaram contra ele. Traidores da pátria. Tudo induzia ao Sim. E o não venceu.
Como diria Tancredo Neves: "Quando a esperteza é demais engole o dono". Foi o que aconteceu. Quando viu as notícias da boca de urna, ele disse que respeitaria o resultado. Ficou preso pela boca e agora tem que respeitar.
Tem mais cinco anos de mandato, e ao fim terá governado a Venezuela por 14 anos. Mais do que suficiente para fazer seus projetos. Mas ele queria mais. Se ganhasse alimentaria o mesmo sonho em Evo Morales, da Bolivia e Rafael Correia do Equador. Alimentaria outros sonhos que andam em algumas cabeças por aí.
A derrota dele é a vitória da democracia. E restabelece um princípio que andava se perdendo. Aqui no Brasil estava se dizendo que alternancia do poder é facultativo, cada democracia decide se quer ter ou nao. Não é verdade. É parte indissociável da democracia. Sem ela a democracia morre e nascem as tiranias.
Miriam Leitão
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