Primeira historinha. O oficial nazista, querendo humilhar os prisioneiros americanos que comemoram o Natal cantando “White Christmas”, diz: “Enquanto nós temos um hino nosso e universal, como “Noite feliz”, a canção de Natal de vocês foi escrita por um judeu chamado Berlin”.
Segunda historinha. Irving Berlin, o judeu da primeira historinha, tem uma idéia para o novo filme de Bing Crosby: passa-se num hotel de cidade pequena cujos shows só acontecem nos feriados. Para cada feriado, o próprio Berlin escreve um canção. Ao submeter a de Natal à aprovação de Bing Crosby, este diz: “Bem, com esta você não precisa se preocupar.”
Terceira historinha. Noite do Oscar de 1942. O próprio Berlin é escalado para anunciar a canção vencedora. Abre o envelope e, meio ebabulado, informa: “O vencedor é... Irving Berlin por... ‘White Christmas’”. Há uma infinidade de outras histórias em torno desta canção que é, de fato, o hino do Natal americano. Chega a ser um detalhe menor o fato de, por mais de 50 anos ter sido o disco simples mais vendido no mundo, passando imbatível pelas era Elvis e Beatles .
Naturalmente, na voz de Bing Crosby. O principal apelo da canção — além da melodia nostálgica, bem de acordo com a data, e da letra simples, como todas de Berlin — está no fato de seu lançamento e imediato sucesso coincidirem com a chegada das primeiras tropas anericanas ao front. Os versos iniciais (“Eu sonho com um Natal branco/ Como aquele que costumávamos ter”) serviam tanto aos soldados distantes como às famílias que comemoravam a data sem eles. Ao longo de todo 1943, não se ouviu outra coisa nas emissoras de rádio, mesmo no verão do meio do ano. Berlin acertara mais uma vez. Com sua simplicidade — e um talento grande demais para quem não conhecia uma nota de música — ele vinha compondo hinos oficiosos que o país adotava como oficiais. Mais uma tentativa foi feita no Congresso para que “God bless America” passasse a ser o hino dos Estados Unidos. Nenhuma canção representa tão bem a festa da Páscoa como “Easter parade”. E a antena sonora do mundo dos espetáculos não podia ser outra senão “There's no business like show business”, todas do mesmo Irving Berlin.
“White Christmas” segue tendo desdobramentos. Deu nome a outro filme, de 1954, novamente com Bing Crosby, agora ao lado de Danny Kaye, Rosemary Clooney e Vera Ellen. Na trilha sonora, velhas e novas canções de Berlin. Mais de 50 anos depois, o filme virou musical de teatro, com estréia vitoriosa em San Francisco. No momento, está em cartaz na Broadway, no Marquis Theatre, com casa cheia. A perspectiva é de que se torne, a partir deste ano, o show de todo Natal em Nova York, em substituição (ou ao mesmo tempo) aos que são revividos há décadas no Radio City.
Assim, com toda arrogância do oficial nazista, com todo o tímido entusiasmo do cantor que a lançou e com todo o constrangimento de Berlin na noite do Oscar, “White Christmas” parece destinada ao sucesso para sempre.
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Segunda historinha. Irving Berlin, o judeu da primeira historinha, tem uma idéia para o novo filme de Bing Crosby: passa-se num hotel de cidade pequena cujos shows só acontecem nos feriados. Para cada feriado, o próprio Berlin escreve um canção. Ao submeter a de Natal à aprovação de Bing Crosby, este diz: “Bem, com esta você não precisa se preocupar.”
Terceira historinha. Noite do Oscar de 1942. O próprio Berlin é escalado para anunciar a canção vencedora. Abre o envelope e, meio ebabulado, informa: “O vencedor é... Irving Berlin por... ‘White Christmas’”. Há uma infinidade de outras histórias em torno desta canção que é, de fato, o hino do Natal americano. Chega a ser um detalhe menor o fato de, por mais de 50 anos ter sido o disco simples mais vendido no mundo, passando imbatível pelas era Elvis e Beatles .
Naturalmente, na voz de Bing Crosby. O principal apelo da canção — além da melodia nostálgica, bem de acordo com a data, e da letra simples, como todas de Berlin — está no fato de seu lançamento e imediato sucesso coincidirem com a chegada das primeiras tropas anericanas ao front. Os versos iniciais (“Eu sonho com um Natal branco/ Como aquele que costumávamos ter”) serviam tanto aos soldados distantes como às famílias que comemoravam a data sem eles. Ao longo de todo 1943, não se ouviu outra coisa nas emissoras de rádio, mesmo no verão do meio do ano. Berlin acertara mais uma vez. Com sua simplicidade — e um talento grande demais para quem não conhecia uma nota de música — ele vinha compondo hinos oficiosos que o país adotava como oficiais. Mais uma tentativa foi feita no Congresso para que “God bless America” passasse a ser o hino dos Estados Unidos. Nenhuma canção representa tão bem a festa da Páscoa como “Easter parade”. E a antena sonora do mundo dos espetáculos não podia ser outra senão “There's no business like show business”, todas do mesmo Irving Berlin.
“White Christmas” segue tendo desdobramentos. Deu nome a outro filme, de 1954, novamente com Bing Crosby, agora ao lado de Danny Kaye, Rosemary Clooney e Vera Ellen. Na trilha sonora, velhas e novas canções de Berlin. Mais de 50 anos depois, o filme virou musical de teatro, com estréia vitoriosa em San Francisco. No momento, está em cartaz na Broadway, no Marquis Theatre, com casa cheia. A perspectiva é de que se torne, a partir deste ano, o show de todo Natal em Nova York, em substituição (ou ao mesmo tempo) aos que são revividos há décadas no Radio City.
Assim, com toda arrogância do oficial nazista, com todo o tímido entusiasmo do cantor que a lançou e com todo o constrangimento de Berlin na noite do Oscar, “White Christmas” parece destinada ao sucesso para sempre.
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