quarta-feira, 2 de julho de 2008

Vitória humanitária

A libertação da senadora Ingrid Betancourt é uma vitória humanitária em primeiro lugar. Ela é vítima inocente de uma guerra suja. Era apenas uma mulher candidata a presidente da República quando foi seqüestrada e transformada em ativo nas mãos dos seqüestradores. É uma vitória da França, que lutou pela sua cidadã (ela é meio francesa). É uma vitória da pressão diplomática dos países que se empenharam nisso, como a própria França, por exemplo. Nesta lista de países que pressionaram as Farc e seus aliados, não está, infelizmente, o Brasil, que preferiu sempre lavar as mãos em relação às barbaridades cometidas pelos “de esquerda” no continente. É uma vitória do governo da Colômbia, que insistiu que deveria pressionar as Farc a libertar seus reféns.

Pode até ser uma vitória da democracia, se esse gesto e outros que já foram feitos pelas Farc indicarem que eles pensam em, algum dia, depor armas e jogar o jogo da democracia, lutando pelo poder através do voto. O movimento envelheceu e se degenerou. Era em 1964 quando foi criado um movimento típico da época de luta pelo poder para construir um governo comunista. Agora, 44 anos depois, esse ideal caducou, os países que eram comunistas deixaram de ser, e os guerrilheiros viraram terroristas e narcotraficantes.

Sobretudo este é um momento emocionante para os filhos de Ingrid. Eles lutaram pela mãe com tudo o que puderam, nunca desistiram dela e construíram uma importante rede de aliados. Portanto, se pudermos escolher um grande vencedor são eles: os filhos de Ingrid.

Miriam Leitão - O Globo

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