Há exatos cem anos morria o maior escritor brasileiro: Joaquim Maria Machado de Assis. Para homenagear o autor de clássicos como 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' e 'Quincas Borba', um decreto municipal publicado nesta segunda-feira declara a obra literária de Machado de Assis patrimônio cultural carioca. A lista das obras do escritor, que além dos livros inclui poemas, críticas e crônicas, servirá de fonte de pesquisa para futuros trabalhos sobre os títulos de Machado de Assis.
Um outro decreto municipal, também publicado nesta segunda-feira, determina o tombamento provisório das fachadas e os telhados de dois imóveis onde residiu o escritor, que escreveu uma obra de relevância universal sem nunca ter saído do estado do Rio. As residências ficam nas ruas dos Andradas 147 e da Lapa 242. Nessas duas casas, o escritor morou de 1869 a 1875.
Além das homenagens póstumas, uma série de eventos para homenagear um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (ABI) foram realizados nesta segunda-feira, entre elas, uma sessão solene na ABI para celebrar os 100 anos de morte de Machado de Assis presidida pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Na cerimônia, Lula assinou quatro decretos de promulgação do Acordo Ortográfico dos Países de Língua Portuguesa.
Outro evento foi a apresentação da peça "Quem canta, Machado encanta", da companhia Livro Vivo, encenada no auditório do CASS para os servidores municipais. E o lançamento em DVD do documentário "O Rio de Machado de Assis", de Kika Lopes e Sonia Nercessian.
Uma exposição na Biblioteca Nacional também homenageia o escritor. 'Machado de Assis: cem anos de uma cartografia inacabada' que fica em cartaz até o dia 8 de novembro, e reúne 200 itens, entre cartas, fotografias, artigos em periódicos e obras raras, como primeiras edições de livros do autor.
Joaquim Maria Machado de Assis tirava as inspirações das ruas, das construções e do jeito dos cariocas. No ano em que Machado publicou o primeiro romance (1872), o Rio tinha apenas 274 mil habitantes. A maioria estava concentrada em uma área de 100 quilômetros quadrados - menos um décimo da área atual, de 1234 quilômetros quadrados, onde vivem cinco milhões de pessoas. Além de registrar, Machado previu mudanças na cidade. "Um dia, quem sabe, lançaremos uma ponte entre esta cidade e Niterói", escreveu.
Mas foi a Rua do Ouvidor a mais freqüentada e descrita por Machado. Lá ficavam os principais jornais da época, o comércio, a livraria que o escritor e funcionário público visitava diariamente. Nas palavras dele, eram o resumo do Rio, por onde moças circulavam com suas roupas mais elegantes e rapazes solteiros iam passear a procura, quem sabe, de uma esposa.
O Globo
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