quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Uma coleção de 1.200 fotos da princesa Isabel

Depois dos almanaques dos anos 70, 80 e 90, chegou a vez dos anos...oitocentos. Só que em vez de divertidas e até mesmo fúteis curiosidades, "Coleção Princesa Isabel - Fotografia do século XIX", lançado esta semana pela editora Capivara, reúne imagens históricas do Brasil daquele período. Organizado pelos pesquisadores Pedro e Bia Corrêa do Lago, o livro revela 1.200 fotografias - a maioria inédita - pertencentes ao acervo particular da princesa Isabel e seu marido, o Conde d'Eu, que mostram, por exemplo, a sessão em que a Lei Áurea foi aprovada pelo Senado, além de impressionantes paisagens e retratos da época.

Trata-se de uma descoberta incrivelmente rica para a cultura brasileira - diz Pedro Corrêa do Lago, sobre o livro, que tem um texto de apresentação feito por Thereza Maria de Orléans e Bragança, última neta viva da princesa Isabel. - É o mais importante achado sobre a fotografia oitocentista do Brasil, só comparável ao acervo doado por D. Pedro II à Biblioteca Nacional.

Acervo inédito foi encontrado na Europa

Pedro sabe muito bem o que está falando. Além de ter organizado, em 2005, a exposição "O Império brasileiro e seus fotógrafos", no museu d'Orsay, em Paris, ele e sua mulher, Bia Corrêa do Lago, assinaram também o livro "Os fotógrafos do Império", lançado no mesmo ano.

- Mas nunca imaginávamos que, além da coleção de D. Pedro, se tivesse sido conservado um conjunto tão importante e coeso da história do Brasil - garante o pesquisador. - O livro "Os fotógrafos do Império" apresentava 320 fotos daquela época. Já esse novo livro, tem quatro vez mais fotos.

De acordo com Pedro, o casal de pesquisadores teve que se beliscar quando se deparou com o material, que adormecia, literalmente, no fundo de um baú, na casa de um membro da Família Imperial, na Europa (cujo nome e local exatos não são revelados por um acordo entre as partes).

- Em 2006 fomos levados ao local por indicação de amigos dessas pessoas da Família Imperial - conta Pedro. - O material estava dentro de um enorme baú de ferro. Quando começamos a mexer nas fotos e ver que aquela só podia ser a coleção da Princesa Isabel e do Conde d'Eu, tivemos que nos beliscar. Não achávamos que íamos encontrar 1.200 fotos extremamente bem conservadas, mas o clima da Europa permitiu isso.

A edição do livro destaca o trabalho de alguns dos maiores fotógrafos que atuavam no Brasil naquele período, como Marc Ferrez, Augusto Malta, Augusto Stahl, Alberto Henschel, George Leuzinger, Antônio Luis Ferreira, Revert Henry Klumb e Juan Gutiérrez. São de Ferrez - um dos mais brilhantes retratistas da época - imagens da princesa Isabel em trajes de aclamação como regente, em 1887, e também registros de Copacabana e da Praia do Diabo, entre outros locais.

- São imagens de uma beleza extraordinária, que também representam um valioso documento histórico - diz Pedro.

Mas o ponto alto da coleção é a série de 13 fotos - das quais apenas quatro eram conhecidas - sobre o fim da abolição no Brasil, feitas por Antônio Luis Ferreira. Lá estão não apenas a votação no Senado - segundo o pesquisador, um prédio já demolido na Rua Uruguaiana, no Centro do Rio - como a celebração dos abolicionistas nas ruas da cidade.

- Essas talvez sejam as grandes fotos do jornalismo brasileiro do século XIX - afirma Pedro Corrêa do Lago.

Carlos Albuquerque - O Globo

Um comentário:

Anônimo disse...

quero fotos da princesa IZABEL e da ESPORTAÇÃO DE ESCRAVOS NO BRASIL

 
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