quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Escola de Música da UFRJ completa 160 anos



O repórter do RJTV, Márcio Gomes, visita uma aniversariante especial, berço de talentos na Lapa como Carlos Gomes e Heitor Villa-Lobos.

Uma jóia da cultura brasileira completou 160 anos de fundação. A Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vem revelando talentos desde que foi criada.

Quem está na calçada em frente ao prédio, na Rua do Passeio, pode se surpreender com o som que vem de dentro: músicas foram tocadas na inauguração da escola, que nasceu “Conservatório Imperial”.

A primeira sede ficava em um outro prédio, no Campo de Santana. Os músicos brasileiros ganhavam, em 1848, um lugar único nas Américas.

“Uma das razões para criação da escola foi justamente para que surgissem novos talentos e que houvesse uma formação para esses talentos”, conta o cravista e professor Marcelo Fagerlande.

Um dos fundadores foi Francisco Manoel da Silva. Suas obras originais, amareladas pelo tempo, são valiosas e estão guardadas num cofre. Uma delas é o Hino Nacional.

Seja clássico ou popular, a escola sempre abriu espaço para todos os ritmos a partir da convivência nas ruas de europeus, africanos e brasileiros.

“O Rio de Janeiro da época era um local onde músicas de vários estilos e de vários lugares do mundo se encontravam, se misturavam e, por fim, deram essa riqueza maravilhosa que é a música brasileira que nós conhecemos”, diz André Cardoso, diretor da Escola de Música da UFRJ.

Hoje são cerca de 650 alunos que têm aulas em locais ideais para um coral ou para um órgão de tubo. O que tem de tão especial para fazer uma acústica tão perfeita?

“Creio que seja a própria arquitetura do salão e também a configuração dos espaços do salão, como a forma oval que tem na parte de trás. Um pedaço do palco é uma câmara: bate o som na abóbada e leva para toda a platéia”, aponta o professor Alexandre Rachid.

Em bonitos salões como o Leopoldo Miguez é que a cidade do Rio de Janeiro, com o passar dos anos, foi se tornando o principal centro musical do Brasil. Foram lançados muitos compositores de sucesso, e muitos deles saíram da Escola de Música da UFRJ. Partituras de antigos alunos estão guardadas na biblioteca, como Carlos Gomes e Heitor Villa-Lobos.

“Villa-Lobos foi aluno da escola em 1903 em um curso noturno, porque ele trabalhava tocando em bares e restaurantes e, por isso, só conseguia estudar nesse curso noturno”, conta o diretor da Escola de Música da UFRJ, André Cardoso.

A obra de Villa-Lobos emociona ainda mais quando interpretada por ex-alunos. Os irmãos Santoro ganharam prestígio internacional, mas não esquecem o que viveram na escola.

“Esse local representa um grande celeiro de artistas. E aqui eu me lembro até hoje: exatamente em 1989, eu fiz um grande concerto que marcou minha carreira. Então, eu guardo com muito carinho essa data e todos os outros concertos que a gente fez na Escola de Música”, lembra o violoncelista Paulo Santoro.

RJTV 1ª Edição, 13/09/2008 - http://rjtv.globo.com

http://www.musica.ufrj.br/

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