segunda-feira, 15 de março de 2010

Adeus ao Gaúcho: morreu o último fotógrafo da Lapa

Foto: Juarez BecozaCaro leitor:

Não há quem frequente ou tenha frequentado a Lapa nos últimos 40 anos que não o conheça. Provavelmente não pelo nome verdadeiro, Sérgio Silveira, mas com certeza pelo inconfundível apelido: Gaúcho, o fotógrafo da Lapa.

Não é boêmio de verdade quem já não o tenha visto circulando pelas mesas, de máquina na mão, paletó e gravata sempre impecáveis. E tenho certeza de que não serão poucos os leitores que se lembrarão de ter guardado em algum lugar pelo menos uma fotografia tirada por ele, uma noite qualquer, no salão do Capela, do Brasil, do Carlitos ou tantos outros que existem ou existiram ali entre os Arcos e a Gomes Freire. As mais antigas em preto em branco, reveladas com esmero num laboratório que só ele conhecia. As mais novas provavelmente já meio esmaecidas, parecendo até mais velhas ainda, geradas pela Polaroid surrada que era, há vários anos, seu único instrumento de trabalho. E que foi também o último, pois o Gaúcho morreu neste domigo, aos 76 anos, de infarto fulminante. Deixa um filho, dezenas de milhares de registros da história da Lapa e uma grande lacuna na noite da Lapa. Seu corpo será enterrado nesta quarta-feira, às 10h, no Cemitério do Catumbi.

Dizer o quê dessas coisas, que só deixam a gente mais certo de que o tempo é implacável mesmo e o futuro, por melhor que possa vir a ser, jamais será a mesma coisa? Gaúcho era o último fotógrafo de botequim no Rio, o derradeiro representante de uma profissão que agora finalmente se extinguiu na cidade.

Deixo aqui com vocês um perfil do Gaúcho, que tive o privilégio de escrever quatro anos atrás, com direito até a foto de sua Polaroid. Que alguém tenha a boa ideia de preservá-la, bem como seus registros, pois que são peça genuína e testemunhos valiosos da história da Lapa e do Rio. Clique para ler:

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